quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Aquém?

André de Moraes


O sentir tímido de uma frágil intenção
Por latente desvirtua eleitas palavras
Guiam em vão e vem das licenças roubadas
E, aquém do ouvido, transgressoras em vão

Femininos corações amam em latifúndio
Artesão da tristeza, o velho Vinícius
A raiva falida que se vale dos princípios
Semeiam verdades no paladar da dor

Calados no desdém de um acorde menor
Os bêbados poemas perdem o tempo de despertar
A palavra não cometida naquele flagrante pensar
Ao chão desfalecem despidos em tom maior

Ali se entrega em nefasto e musical batismo
Despida das cartas escritas à meia-mão
Ferindo a pele do desejo tatuas o jargão
Ignoras tal melodia composta em dadaísmo

O intento solista espera aplausos vitais
Aos movimentos se doa em leve perdição
Aos solteiros elogios inclina a carente audição
Não domando a euforia por migalhas a mais
Finda tateando o silencio que nada atrai
Esquecido em raros fósseis daquele 'fácil' coração...


















FOTO: André de Moraes (disparo automático). Seabra, Bahia (agosto de 2008)

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