segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mora-noite, Mora-dia


André de Moraes












As cordas, às vezes vocais, enforcam o grito
Os nós, às vezes plurais, unem as mãos
À sós, as vezes noturno, reclamam a maldição
Ali, às vezes dentro, expõem o sangue em rito
Na foz, às vezes retida, que não se expande em vazão

O coração, às vezes vermelho, reclama igualdades
A mão, às vezes cerrada, empunha o abraço ambíguo
Os olhos, às vezes vendados, apunhalam o amigo
As veias, às vezes abertas, circulam em mais cidades
E o dedo, às vezes apontado, descreve o destino

Políticos, às vezes dormentes, manejam o injusto
Populares, às vezes em linha de frente, carregam as flores
Indignados, às vezes distantes, escrevem seus horrores
Crianças, às vezes infantis, fogem ao pedido adulto
Mulheres, às vezes Maria, escolhem a menor entre as dores

Uma manhã, às vezes negra, como o anseio que se incendeia
A moradia, às vezes barraco, abriga a mais feroz luta
O ferido, às vezes de pé, não cede mesmo à força bruta
E com a semente, às vezes crioula, cultiva mesmo em areia

A revolta, às vezes externa, trará de volta o povo hoje em fuga
O amanhã, às vezes longe, há de ver em justiça social restituir
A terra, “às vezes” roubada, para as vidas de que nunca deveriam partir
Os sonhos, às vezes plantados, livres para fluir na liberdade que aos perversos insulta


Em solidariedade aos companheiros do Pinheirinho. Resistam!


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