quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Bloco da Frei José dos Inocentes 2013

"Eu sei, eu sei. Lá vem o bloco do Frei. Eu sei como é que é, eu sei como é que é, é o Bloco do Frei José!" (Marchinha do Bloco Frei José dos Inocentes 2013)


Em algum dia de janeiro, na primeira edição da roda de samba da Vivenda Verde na casa do Cléber Cruz, soube do Bloco da Frei José dos Inocentes. O Cléber, que estava entre os compositores do bloco afirmou ser um bloco de rua bastante original e animamo-nos em participar no carnaval de uma das primeiras ruas de Manaus.

No dia 12 de fevereiro de 2013 presenciamos a terceira edição do bloco e realmente tratava-se de uma programação da comunidade. Alegria, diversão e irreverência. Algumas figuras da comunidade (Nazinha, Dona Chiquinha, Seu Zé, Tita) e o próprio Frei José foram convertidos em "Marotes" (bonecões como os tradicionais de Olinda) e desfilavam no bloco.

Da minha parte, deixo o pequeno fragmento poético que fiz depois de participar do Bloco e as imagens captadas de um celular para testemunhar.


Tempo Folião
(André de Moraes)

Em blocos rendia-se à vontade
Na inundante folia nunca assaz
Mas em seu coração, feliz como jamais
Explorava sua vasta e oculta liberdade
Onde sonhos ignoravam suas idades
E sempre voltam ao mesmo cais
Onde prometeram viver sem iguais
Para, em seu tempo, sofrer a leal saudade...



Placa de identificação da Rua Frei José dos Inocentes.


Primeiro desfile dos Marotes, ainda de dia.

Matores preparados para o desfile. 

Nazinha, a irreverente moradora mais antiga da rua com o folião fantasiado e a criança.

Os carros transitavam na rua normalmente uma vez que a organização não pediu solicitação da prefeitura para interditar a rua. 

 A banda!
 
Participação de músicos no Bloco.

Momento de animação. 

Cléber (que não é o Cruz) e Diana com um dos Marotes


Marote da Nazinha e os foliões fazendo "trenzinho" ao seu redor.

A trupe: Cléber (que não é o Cruz), Juliana, Folião Fantasiado (não perguntei o nome), Diana, André e Álvaro.

Para ter uma ideia da animação no Bloco.

Fotos e Vídeo: André de Moraes.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Visita aos Waimiri-Atroari Ainda é Incerta

Comissão Nacional da Verdade, que investiga violações contra direitos humanos durante a ditadura, planeja vir ao Amazonas


Originalmente Publicado por ACritica.com.

Há três meses, a Comissão Nacional da Verdade criou uma comissão específica para investigar violações contra os índios do povo suruí, cuja terra está localizada no Pará, durante a ditadura militar. A psicanalista Maria Rita Kehl, que integra a CNV, já iniciou os diálogos com os jovens que vão ajudá-la nessa investigação, colhendo depoimentos dos indígenas suruí mais velhos.

No Amazonas, a expectativa é que uma comissão nesses moldes também seja desenvolvida junto aos índios waimiri-atroari, povo que, segundo relatos do indigenista Egydio Schwade, do antropólogo Stephen Baines, da jornalista Verenilde Pereira, e de tantos outros que trabalharam com este povo, também foram vítimas da ditadura. Há uma estimativa que duas mil pessoas da etnia tenham morrido durante o processo de ocupação de suas terras para construção da rodovia 174 e construção de empreendimentos para exploração e escoamento de minério dentro de suas terras.

Não faço parte do comitê no Amazonas da CNV, mas tenho acompanhado os debates, as deliberações dos seus integrantes, bem como as notícias referentes a estes debates. Uma dessas notícias era (ou é, depende ainda de decisões a serem tomadas) que Maria Rita Kehl viria a Manaus neste mês de fevereiro. O roteiro incluía reuniões em Manaus, em Presidente Figueiredo e, claro, em uma das aldeias do povo waimiri-atroari. A data prevista da visita estava marcada para os próximos dias 22 e 23.

Soube na semana passada que esse cronograma não está confirmado. O plano esbarra na dificuldade de organizar até o dia 22 os representantes das 30 aldeias waimiri-atroari, segundo explicações do coordenador do Projeto Waimiri-Atroari (PWA), Porfírio Carvalho, dado à CNV.

Sendo assim, há agora um impasse se essa reunião e a visita de Maria Rita deste mês vão ou não acontecer. A outra alternativa é aguardar final de março, que é quando poderá ocorrer uma grande reunião de todas as aldeias waimiri-atroari.

Dois parênteses. Para quem não sabe, o PWA é quem coordena as ações junto aos waimiri-atroari – e não a Fundação Nacional do Índio (Funai) – desde os anos 80. O PWA é um programa da Eletronorte criado para compensar os imensos impactos sociais e ambientais causados na terra dos waimiri-atroari pela Hidrelétrica de Balbina.

Desde então, qualquer contato com os waimiri-atroari é feito por meio do PWA. Eu mesma não sei como é essa relação. Nunca entendi. Das vezes que tentei (sem sucesso) ir na aldeia dos waimiri-atroari os contatos sempre foram PWA e não Funai. O acordo de criação PWA foi firmado para durar 25 anos, prazo que se encerra, aliás, neste ano de 2013. A Eletronorte ainda não informou se vai renovar.

Esperemos que as notícias sobre os crimes da ditadura junto aos waimiri-atroari não fiquem apenas nos relatos descritos nos texto de Egydio Schwade e outros indigenistas que conheceram aquela realidade.

Corre uma versão que os waimiri-atroari não estão muito empolgados em falar sobre este período. Que, segundo consta, eles não estão animados para não desenterrar esse assunto. Pode ser. E pode não ser. Para tirar qualquer dúvida, o ideal seria perguntar dos próprios. Para que tudo se esclarece, que não permaneça oculto ou abafado. Se eles não querem falar, é melhor saber diretamente deles. E não apenas de uma aldeia ou de um grupo. Mas de todos.

Enviei um email para o Porfírio Carvalho para que ele responda sobre a dificuldade de reunir representantes das aldeias para o dia 22 e a reunião do final de março. Assim que ele responder, acrescentarei neste texto.