terça-feira, 6 de junho de 2017

9º Andar

(André de Moraes)


Um cigarro naquela janela
A cidade como uma tela
Virtuais abraços
Ô visita boa
Um devaneio a toa
Da festa que parecia boa
Um beijo lhe resta
Floresce a angústia
Que enternece a memória
Ao pensar na altura
Onde deixara a história
E na viagem
Não se completa a saudade
Que moveu o pensamento
Levando depois o pé
Na crença que ainda é
O já passado momento
Para o qual não existe instrumento
Que o faça voltar

Mas por que não voar
O passarinho amante do vento
Cantando no entorno da vida
Ainda crendo que solfejo
Faria despertar sonoro desejo
Base da sua lida?

Pequena verdade fria
Onde calor não sobra
Pois falha foi a obra
Que para acesso
Não deixou via
“Fechado”
“Ocupado”
Na porta se lia

Cansadas
Porém incessantes
Flores caladas
Se doam
Ecoam
Mas já havia ido
A primavera
Agora são
Eram
Ou serão
Apenas desculpas para varandas
De janelas
Elas
Como a banda
Cuja música ninguém canta
Pois é como preso sem sela
Que não foge dela
Pois pela parede se encanta
Mas depois de recusada a dança
Apenas traga
Assistindo na tela
A cidade que não cansa
Nem queda mansa
Mas ensina
Que uma boa sina
É a que nunca se alcança
Mas se desfaz como trança
Antes que a cabeça
Mesmo que amanheça
Ceda à vil semelhança...

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