sexta-feira, 30 de junho de 2017

Reações Adversas (Vide Bula)

(André de Moraes)


Diz
Como quem cala
Enterra a vala
Derruba a matriz
Cega, de fato, o juiz
Sem paredes faz a sala

Olha
Diverte o oprimido
Divide com a sorte o comprimido
Com suor a toalha se molha
No doce a língua enrola
Mais cervejas para o ouvido

Cheira
Sente o vestígio da presença
Disparada por ser intensa
Deixa sempre à beira
Fora a cor, é poeira
Que vai bem na venta
Sem desculpas nem licença
Pois quando suja é com estrela

Inala
Corrói-te a fumaça
Faz inveja pra traça
Faz do pulmão uma senzala
Da célula negra que rala
Quem disse que o prazer era de graça?
Que fugia da questão da raça?
Deita na rede da sala
Dá outro trago e embala
O respirar ainda te abraça

Deixa como está
Seguro
Embora não tão maduro
Mas afeito a suportar
O mesmo corpo quer amar
Alimentar-se do escuro
Dançar por qualquer barulho
Fazer de qualquer buraco seu lar
Até o próximo viajar
Para que não esqueça o futuro
Pois qualquer muro
A vida represada há de derrubar
Para te lembrar de navegar
Com o tempo prematuro...



Nenhum comentário:

Postar um comentário