(André de Moraes)
Pareciam flores
Cheguei mais perto
Não sabendo ao certo
Pensei amores
No coração desabrocharam cores...
Era um espinho de pétalas coberto
Indaguei seu disfarce
Como podia enganar-me assim
Ousando melhor aparência para si
Na esperança que eu o abrace?
O espinho respondeu:
Minha vida é ferir
E depois ver o ferido partir
Não espera para entender como eu
Sem aquilo que o poeta nos deu
Poderia alguém atrair
Voltei para mim
Abracei o espinho
Dor ao invésde carinho
Suportei até o fim
Suei orvalho naquele jardim
Até que surgisse um ninho
"Não espere prazer"
Disse o espinho já comedido
Apontando para outro sentido
Mostrava rosas a florescer
Lembrando os olhos do doce viver
E na cúmplice pele, o dolorido
Eu, não mais arrependido
Habitei aquele lugar
Vi que mil vidas poderia ter tido
E em todas, o espinho havia de abraçar
Mesmo sem pétalas, sem disfarçar
Aquilo me seria abrigo...
Pelo tempo das muitas cumplicidades que abrigamos em nós ❤🍃
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