André de Moraes
O sentir tímido de uma frágil intenção
Por latente desvirtua eleitas palavras
Guiam em vão e vem das licenças roubadas
E, aquém do ouvido, transgressoras em vão
Femininos corações amam em latifúndio
Artesão da tristeza, o velho Vinícius
A raiva falida que se vale dos princípios
Semeiam verdades no paladar da dor
Calados no desdém de um acorde menor
Os bêbados poemas perdem o tempo de despertar
A palavra não cometida naquele flagrante pensar
Ao chão desfalecem despidos em tom maior
Ali se entrega em nefasto e musical batismo
Despida das cartas escritas à meia-mão
Ferindo a pele do desejo tatuas o jargão
Ignoras tal melodia composta em dadaísmo
O intento solista espera aplausos vitais
Aos movimentos se doa em leve perdição
Aos solteiros elogios inclina a carente audição
Não domando a euforia por migalhas a mais
Finda tateando o silencio que nada atrai
Esquecido em raros fósseis daquele 'fácil' coração...
FOTO: André de Moraes (disparo automático). Seabra, Bahia (agosto de 2008)
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Ale-gres
André de Moraes
Onde mora a alegria senão nos recônditos da alma
Mesmo o canto triste não ousa ignorar
o fascínio
De uma luz que brilha sem se
importar com o destino
E sorri ao intento de surpreender
enquanto acalma
Tal sorriso convence ao mais contido
tentar
Não despeja em frias decisões o
calor do momento
Aquece em mil porções o sabor que
germina ao vento
Incendiando as cinzas do, outrora,
perdido lutar
Embalado em redes descansa o corpo
feliz
Que a vida acariciou e aos rios não
negou nado
Levantando em direção ao sentir de
um afago
Festejou o nascer belo e inexato de
um viver aprendiz
Decifrando a despedida em derivados detalhes
De palavras e pronuncias na ousada
indumentária
Se no Brasil da caipirinha, ou pelo
vinho da Itália
Não me furto ao embriagar num sorrir
de entalhe
Quando sambistas inspiram alegria e espantam
males
E navegando descrevo o ruir da
tristeza em láurea
FOTO: "Roda de Samba" por André de Moraes.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Revoluindo ao Primeiro Ato
André de Moraes
E quando o tempo parece passear por nós
Os dias embebecidos numa nuvem de revolta
Um sobreviver não comum pela vil escolta
Ainda com sombras de quem vem e tenta calar a voz
Não disseste que assim seria a primavera?
E que o muito amor seria um contento descarado
Sem vergonha da vida e mandando ao caralho
Aquilo que não fosse destruir com essa miséria
Esse cordão que nunca fora umbilicado de fato
Frugal seria o nascer da crítica aos putos políticos
Transitando pelas veias dos mil intentos malígnos
De uma vida que sempre se alimentou do mais barato
A alma que luta não responde sim ao maldito sistema
Que busca enferrujar uma revolução por segundo
Mas ao que pensa um outro possível pra esse mundo
Não se cala com o baixar das cortinas entre cenas
Retratando a miséria política que insiste em protagonizar tudo
No teatro dessa vida que ainda insiste em ser mudo
Fonte da Figura: http://www.link.dequalidade.com.br/index.php/entreterimento/em-caso-de-uma-revolucao-peguem-as-mascaras/
E quando o tempo parece passear por nós
Os dias embebecidos numa nuvem de revolta
Um sobreviver não comum pela vil escolta
Ainda com sombras de quem vem e tenta calar a voz
Não disseste que assim seria a primavera?
E que o muito amor seria um contento descarado
Sem vergonha da vida e mandando ao caralho
Aquilo que não fosse destruir com essa miséria
Esse cordão que nunca fora umbilicado de fato
Frugal seria o nascer da crítica aos putos políticos
Transitando pelas veias dos mil intentos malígnos
De uma vida que sempre se alimentou do mais barato
A alma que luta não responde sim ao maldito sistema
Que busca enferrujar uma revolução por segundo
Mas ao que pensa um outro possível pra esse mundo
Não se cala com o baixar das cortinas entre cenas
Retratando a miséria política que insiste em protagonizar tudo
No teatro dessa vida que ainda insiste em ser mudo
Fonte da Figura: http://www.link.dequalidade.com.br/index.php/entreterimento/em-caso-de-uma-revolucao-peguem-as-mascaras/
Mora-noite, Mora-dia
André de Moraes
As cordas, às
vezes vocais, enforcam o grito
Os nós, às
vezes plurais, unem as mãos
À sós, as
vezes noturno, reclamam a maldição
Ali, às
vezes dentro, expõem o sangue em rito
Na foz, às
vezes retida, que não se expande em vazão
O coração, às
vezes vermelho, reclama igualdades
A mão, às
vezes cerrada, empunha o abraço ambíguo
Os olhos, às
vezes vendados, apunhalam o amigo
As veias, às
vezes abertas, circulam em mais cidades
E o dedo, às
vezes apontado, descreve o destino
Políticos,
às vezes dormentes, manejam o injusto
Populares,
às vezes em linha de frente, carregam as flores
Indignados,
às vezes distantes, escrevem seus horrores
Crianças, às
vezes infantis, fogem ao pedido adulto
Mulheres, às
vezes Maria, escolhem a menor entre as dores
Uma manhã,
às vezes negra, como o anseio que se incendeia
A moradia,
às vezes barraco, abriga a mais feroz luta
O ferido, às
vezes de pé, não cede mesmo à força bruta
E com a
semente, às vezes crioula, cultiva mesmo em areia
A revolta,
às vezes externa, trará de volta o povo hoje em fuga
O amanhã, às
vezes longe, há de ver em justiça social restituir
A terra, “às
vezes” roubada, para as vidas de que nunca deveriam partir
Os sonhos, às
vezes plantados, livres para fluir na liberdade que aos perversos insulta
Em solidariedade aos companheiros do Pinheirinho. Resistam!
Fonte da Figura: http://telacrente.org/2012/01/21/tropa-dechoque-pinheirinho/
domingo, 22 de janeiro de 2012
Basta?
André de Moraes
Para um bom
boêmio, meia dose...
Para um bom
apaixonado, meia saudade...
Para um bom
amante, meia-taça...
Para um bom
jogador, meio-campo...
Para um bom
romance, meia luz...
Para um bom viajante,
o meio...
Para um bom
estudante, meia passagem...
Para um bom
restaurante, meio-dia...
Para uma boa
festa, meia-noite...
Para um bom
sapato, meia...
Para um bom Geógrafo,
o homem e o meio...
Para um bom
ator, meia platéia...
Para um bom dançarino,
meia pista...
Para um bom
pedestre, meio fio...
Para um bom
seresteiro, meia-lua...
Para um bom pagão,
meia oração...
Para a
Adriana Calcanhotto, meia-hora...
Para um bom
estagiário, meio expediente...
Para uma boa
cruzada de pernas, meia-calça...
Para um bom
prevenido, pé de meia...
Para Deus, estar
no meio de nós...
Para uma boa
pedra, o meio do caminho...
Para um bom
conciliador, meio termo...
Para um
‘bom’ faminto, meio prato...
Para um bom
Designer, meio traço...
Para um bom
enrolão, meia-boca...
Para uma boa
saia, meia-perna...
Para um bom
Médico, meia-vida...
Para um bom
surfista, meia onda...
Para uma boa
cidade, meio de transporte...
Para um bom
planeta, meio ambiente...
Para um bom
começo, meio...
...
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