domingo, 5 de agosto de 2012

Desleais Aparências

André de Moraes
















Ali perigos jaziam dispersos
Mas que ao menor anúncio de sua chegada
Convergiam às ruas em manifestação calada
E pendiam ao murmúrio em versos
Negando ao coração o acesso
Da inquieta lembrança outrora parada

Alquimias perdidas em contínua latência
Às desnudas sementes rompia-se o corolário
Esquecidas na fecunda terra do coração solitário
Brotavam em desleal e previsível indecência
Na rasteira medida da traiçoeira carência
Sem disfarces destilava o sentimento contrário

Doravante buscava, em minuta, o abraço
E, por farta paisagem, ao ensejo se abria
Condecorando as lágrimas da vil avaria
Nada fazia senão ornar um desfeito laço
Pelo calor imerso em ardil e artístico traço
Musicada ao soar do gesto que despedia

Mas feliz seguia sem salto, a caminhar
À revelia de sua imune maldade
Apenas catando ventos e colecionando idades
Fazia da feira de corações artesanais o seu lar
Onde vendia lenços úmidos de verdades
E amores baratos insistia em comprar...


Figura: Arte Digital Anndr Kusuriuri - Wave
Fonte: http://foradoeixo.org.br/claudiotalesman?npage=9

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