sábado, 15 de setembro de 2012

Perdidos Em-cantos


Perdidos Em-cantos
(André de Moraes)




















Ao longe enxergava o latente desejo
E vestindo-a de vinho, vida e prazer
Nada servia senão o gole de um feliz amanhecer
Saindo de cena, evocava a solidão em cortejo
Mas não hábil em desfazer a lembrança do beijo
Abria sua postura somente em doses a volver

Incontido no particular escambo do corpo
Sem fronteiras lapidava os gestos imunes
Na efemeridade feita eterna para que coadunes
De frente calada, de costas falada ou gemido dorso
No pensamento não demoraria a germinar o caroço
Do adeus em sutil disfarce inalado como perfumes

Aos segundos delirados em cores
Nada atenuavam o desbotar primaveril
Pois o calor apenas predizia o presente frio
E no jardim nunca houvera os perfeitos amores
No corpo a lembrança e no pensamento os sabores
Chorou partida,
Acenou despedida,
E desceu ao rio
Onde fluídos romances apenas saciavam seu cio
E a correnteza levava, em troca, seus rancores...

Nenhum comentário:

Postar um comentário