quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Doroti, a Imprescindível


Dototi, a Imprescindível

Certamente Bertold Brecht pensou em pessoas como Doroti Alice Müller Schwade quando escreveu sobre imprescindíveis que lutam a vida toda. E, infelizmente, tal imprescindibilidade se concretizou às 19h00 do dia 3 de dezembro de 2010 quando a querida Doroti Schwade deixa as maiores saudades a todos nós.

Lembro-me de conhecê-la e logo perceberia que não se tratava apenas da mãe de um amigo. Não. Era uma mulher que não conhecia barreiras e também cultivava as menores distâncias entre si e a natureza, coração e mão, firmeza e sensibilidade. “A mãe”, como a chamava Egydio e seus filhos não representava um simples grau parentesco, pois todos sob os cuidados dela éramos filhos e filhas. Amamentou crianças com fragilidade alimentar, alimentou pessoas de todas as partes do mundo com seu carinho e virtude. Minhas idas a Presidente Figueiredo buscavam enriquecer a alma com Egydio e Doroti. E assim acontecia.

Recordo-me do dia em que pedi que o Maiká tirasse uma foto minha com Egydio e Doroti. Queria cristalizar simbolicamente um momento com aqueles com quem era mais fácil sonhar com outro mundo possível. Imprescindíveis, neles a nobreza sempre encontrou um lar e nós, vida. A política era radicalmente contagiante na direção da paz e do amor ao próximo. Ensinavam, ajudavam, resistiam.  Sua mesa farta era estendida aos que chegassem cujos corações certamente mais levavam que deixavam.

Naquela varanda, como diz Anitelli, “ia embora na conversa nossa pressa de ficar”. Chimarrão, histórias e sorrisos. Experiências que alimentavam minha pequena alma incontida na vontade de fazer mais pela humanidade. A luta contra a ditadura, a vinda para a Amazônia, a fundação do PT, a militância no Conselho Indigenista Missionário – CIMI, e outras realizações me faziam herdeiro de um sonho. Quem era eu para falar em desistir? Agigantados ao lado de Egydio e Doroti a justiça, o amor e a esperança, o convite ao caminho era claro. “Vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer...”.

A mim resta a gratidão à Doroti Schwade e meus mais nobres sentimentos a Egydio e sua família. Continuarás em nossos corações que diminuirão por sua ausência não mais que cresceram com sua presença. Tristeza não é o sentimento que melhor traduza sua vivência, mas que persegue pela falta. Mas se hoje contigo se foi um pouco de nós, a cada manhã, continuamente passamos a ser mais um pouco mais de você em esperança, fé e amor.

Manaus, 03 de dezembro de 2010.

André de Oliveira Moraes


Fonte da Figura: http://nomes-d.blogspot.com/2008_12_01_archive.html

Um comentário:

  1. Queridos amigos,
    Obrigado pela solidariedade.
    O velório, o enterro e a missa de sétimo dia, apesar da dor, foram muito bonitos e repletos de bons amigos. As lágrimas e a tristeza eram sempre interrompidas com sorrisos e a alegria de boas lembranças.
    Abraço,

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