André de Moraes
Tudo o que a amizade escondia
Um dia se pôde fazer concreto
Tão intenso quanto encoberto
O firme e delicado desejo pelo dia
Quando o teu corpo, enfim, me encontraria
E o curvilíneo caminho se tornaria reto
Tão intenso quanto encoberto
O firme e delicado desejo pelo dia
Quando o teu corpo, enfim, me encontraria
E o curvilíneo caminho se tornaria reto
Das frágeis testemunhas ocultava
O breve e latente juntar de olhos
Que desejavam além dos colos
E da cumplicidade que badalava
Em anunciação à torrente de lava
A jorrar dos nossos férteis solos
O passado não nos era mero vestígio
Peças despidas de leve sentido vago
Como tímida foz para um imenso lago
Haveria de ser pequeno e intenso alívio
Como festil infértil ao gerar um filho
E o doce sofrimento de ouvir um fado
O redor, não tão acolhedor, machucava
E juntos decidimos a tônica do porvir
Rascunhando o imediato e deixando fluir
A distância de quem outrora próximo estava
Absorvendo o silêncio de uma fria sala
Percebia, com o tempo, a contradição vir
Com desconfortável novidade ao sentir
Que mesmo quando o presente se trava
E o almejado futuro nos torna draga
Nosso passado ainda é capaz de mentir
Dias e noites felizes nos eram imersão
Naquele universo distinto do linear tempo
Cujo voltar sempre derramava ares de lamento
E demorávamos a reconhecer o chão
Deixando vida como o germinar de um grão
Em cada segundo que nos tornávamos vento
Em cada lugar onde preenchíamos o vão
O mundo um dia fora o nosso limites
Das viagens perfeitas e dos lares outros
Quando a ida aliviava o local sufoco
E descontinuavam as esperas e convites
Outrora perdidos nos sempre presente deslizes
Do cotidiano laboral, sentimental e mútuo
Onde a vida seria fracionada para tornar pouco
Aquilo que poderia tornar tudo mais triste
Tal qual a primeira caverna tardia
Foi-me o sentido daquela partida
Embora havendo quem me ornasse em acolhida
O coração suspirava e no peito se comprimia
Buscando espaço para o eu sentia
Via-se nos olhos desafiados pela despedida
Predizendo a tristeza não comedida
E a felicidade que, embora bem vinda, se ia
Assim, fragmentos de vida se construíam
Fazendo-nos sentir o acúmulo de todas as vésperas
Dando sentido àquilo que um dia foram apenas etc’s
E agora de reticências não passariam
Jogando ao mar as lembranças que doíam
E guardando as boas para valsas céticas...
Fotos:
O breve e latente juntar de olhos
Que desejavam além dos colos
E da cumplicidade que badalava
Em anunciação à torrente de lava
A jorrar dos nossos férteis solos
O passado não nos era mero vestígio
Peças despidas de leve sentido vago
Como tímida foz para um imenso lago
Haveria de ser pequeno e intenso alívio
Como festil infértil ao gerar um filho
E o doce sofrimento de ouvir um fado
O redor, não tão acolhedor, machucava
E juntos decidimos a tônica do porvir
Rascunhando o imediato e deixando fluir
A distância de quem outrora próximo estava
Absorvendo o silêncio de uma fria sala
Percebia, com o tempo, a contradição vir
Com desconfortável novidade ao sentir
Que mesmo quando o presente se trava
E o almejado futuro nos torna draga
Nosso passado ainda é capaz de mentir
Dias e noites felizes nos eram imersão
Naquele universo distinto do linear tempo
Cujo voltar sempre derramava ares de lamento
E demorávamos a reconhecer o chão
Deixando vida como o germinar de um grão
Em cada segundo que nos tornávamos vento
Em cada lugar onde preenchíamos o vão
O mundo um dia fora o nosso limites
Das viagens perfeitas e dos lares outros
Quando a ida aliviava o local sufoco
E descontinuavam as esperas e convites
Outrora perdidos nos sempre presente deslizes
Do cotidiano laboral, sentimental e mútuo
Onde a vida seria fracionada para tornar pouco
Aquilo que poderia tornar tudo mais triste
Tal qual a primeira caverna tardia
Foi-me o sentido daquela partida
Embora havendo quem me ornasse em acolhida
O coração suspirava e no peito se comprimia
Buscando espaço para o eu sentia
Via-se nos olhos desafiados pela despedida
Predizendo a tristeza não comedida
E a felicidade que, embora bem vinda, se ia
Assim, fragmentos de vida se construíam
Fazendo-nos sentir o acúmulo de todas as vésperas
Dando sentido àquilo que um dia foram apenas etc’s
E agora de reticências não passariam
Jogando ao mar as lembranças que doíam
E guardando as boas para valsas céticas...
Fotos:
1) Outono em Portugal, André de Moraes (Guimarães, Portugal; dezembro de 2013);
2) "Unlocked Love Bridge", André de Moraes (Rio Sena, Paris, França; janeiro de 2014);