quarta-feira, 7 de maio de 2014

Lua, Luxúria e Lamúria

(André de Moraes)

















O parco abraço não lhe foi suficiente
Para o coração que, por si, apertava um pouco mais
Todavia a razão se afrouxando ao lembrar-se dos ais
Via mais uma fração de vida sucumbindo ao deleite
De corpos que, em vão, se tornavam enfeite
E aos poucos se distanciavam do seguro cais

O desejo alado espalhava um pouco de nós
E apenas da pequena janela entreaberta se via
O que da mais alta montanha nada seria
Se não fora amalgamado entre tu nascente e eu foz
Que em farta medida se expressaria em voz
E cujo encontro se anoitecia naquele infinito dia

Na casa dos amores se despedia e voltava
Ao berço da solidão que muito lhe acolheu
Quando voltava a ser como criança que ainda nada viveu
E, chorando, despia-se das pétalas e voava
Para onde não lhe seria negado o calor da lava
E não mais lhe diriam que não era seu
O espelho mil vezes refeito para encontrar seu Orfeu
E o desejo de lhe ser muito além de palavra...

Figura: Suffer Love, Tracey EMIN (2009).
FONTE:http://goo.gl/KzoSSM

Nenhum comentário:

Postar um comentário