quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Árvores, Raízes ao Céu


(André de Moraes)
















As folhas que outrora se banhavam no vento
Naquela despedida se fizeram descontentamento
De um corte na consciência fazendo ir ao chão
Os caminhos da natureza que nunca foram em vão
Abortados pelo pragmatismo medíocre em sacramento
Que não passam de um olhar advindo de cego coração

A distante cidade do bem estar rarefeito
Despida foi da vida perdida em incomum leito
Pelos que amordaçam o verde em cruel insanidade
Deixando aflorar a olho nu sua prostituta verdade
Colhendo um uso-fruto que nunca semearam no peito
Por um vil pragmatismo de manifesta futilidade

As expostas raízes apenas sustinham o vão
Documentando em perdida seiva ausência e solidão
Afligindo aos muitos que ali cultivaram presença
Desta agora ferida árvore, todavia sua inocência
Cuja queda nos faz iguais ao estender a mão
Para levantar uma existência livre da humana doença

Assim declinava mais uma coletiva varanda
Onde pequenos ensejos suspiravam em demanda
Adormecidos sob sua sombra contavam os dias
E no exagerado sol despertaria, ao menos, a utopia
Na explícita vontade de manter uma vida cunhã
Recusando que nos ceifem idades e amanhãs
Novamente semeando a vida para que dê cria
E a terra no seu descanso seja mãe, filha e irmã...


Fonte da figura: http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2012/09/arvore-do-largo-sao-sebastiao-e-cortada-e-gera-polemica-em-manaus.html

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