"As eleições são a festa da democracia!". Quantas vezes não se ouviu isso em propagandas do TSE, falas de políticos e plenárias do movimento estudantil? Tal entendimento se tornou um senso comum no tocante a política, mas seu conteúdo é o mais anti-democrático possível.
Primeiramente, reconheçamos o perigo que há em associar festa a eleições. Comícios são os ícones maiores disso (bandas nacionais, etc.) até o TSE dar um basta. Depois, e ainda em vigência, temos uma veração absurda do ato de votar na mesma proporção em que se empobrece o incentivo à participação popular durante o mandato. Vide chavões como associar o voto ao sentido de "dever cumprido" ou "exercício PLENO da cidadania". E assim se manteve por muito tempo o discurso da representatividade como o ponto máximo do exercício político-democrático que, embora tenha sido crucial para o avanço político do país, hoje mostra suas limitações. Como discurso de apoio, ainda se propaga as mazelas como consequência dos "maus votos" (fica até estranho adjetivar o voto). E assim, se constroi uma fortaleza ideológica que mascara e sustenta o atual e fracassado modelo político baseado integralmente na representatividade.
A contrução de uma nova cultura política depende, dentre outros fatores, da desmistificação do caráter totalizante da política pelo voto. É urgente que se esclareça amplamente que a política não se esgota nas eleições por mais óbvio que isso pareça. A democracia tem como princípio o governo pelo povo que se traduz minimamente em participação popular para além do voto. Se não for assim, continuemos "curtindo" a festa eleitoral e depois é só "disfrutar" a ressaca que durará somente 4 anos de mandato.
E lá vamos nós de novo! Se as eleições realmente são uma festa, devemos ter cuidado com a ressaca!
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