terça-feira, 19 de maio de 2009

Transitoriamente "Politizados" Pelo Trânsito

O Individualismo Coletivizado


Manaus vive agitado nas últimas semanas. Estudantes, rodoviários, "kombeiros" e taxistas. Quatro dos grandes agentes do trânsito citadino estiveram revindicando seus interesses junto ao poder público. Sim, o interesse de cada um isolado. Nessa perspectiva de categorias, poucos são os que param para refletir sobre a escala do problema. Embora se tenha claro que a raiz de todos os males é o sistema de trânsito da cidade como um todo, é incontestável que cada uma dessa categorias não está realmente interessada em discutir o problema e, se atendida suas reivindicações, pararão imediatamente as manifestações. O resto que consiga por seu próprio esforço. Essa é uma reflexão que perpassa pela batida união dos tabalhadores que propunha Marx no Manifesto. Aos trabalhadores de hoje, basta o plano de saúde privado. Não se luta mais pela saúde pública de qualidade. A tendencia ao individualismo (passando para um egoísmo, que não era a proposta original das luzes) paradoxalmente alcança o coletivo. As categorias se unem e resolvem seus interesses justificando tal postura com a assertiva de que todas as categorias agem assim e esse é o movimento. Característica marcante da perda das utopias, esse cenário mostra a fragilidade que a sociedade se encontra frente a um estado viciado em burocracias (e os anarquistas torcem por uma overdose) e que cujo papel sempre é discutido de forma maniqueísta com o populismo e a predominância do eleitoral em detrimento do político. Reforma política? Toda mudança estrututural deve ser precedida de uma mudança de pensamento, o contrário não oferece grandes expectativas. Vamos novamente ver um grande esforço para mobilizar estudantes quando ameaçada a meia passagem, rodoviários para pedir aumento de salário, taxistas quando ameaçados pelos "kombeiros" que reclamarão o "direito" de trabalhar, e a síntese de tudo isso será uma ação (ou não) atenuante do poder público. Mantêm as 120 meias-passagens, aumenta os salários, regulamenta os "kombeiros", se vira com os taxistas, ou seja, resolve o problema de cada um mas o trânsito... "...Mas negociamos e atendemos as reivindicações!" diz o governante com ar de missão cumprida. Se as reivindicações fossem para a melhoria do trânsito talvez essa frase não pudesse ser pronunciada sem o desdém da população. A conclusão disso é que união social em torno de uma demanda é também uma questão de escala. Enquanto essas categorias mesquinharem demandas particulares travestidas de coletivas, iludidos que o todo é a soma das partes, o problema do trânsito e do acesso ao direito de ir e vir será redesenhado, desmontado, desconstruído, rearranjado mas nunca resolvido. A união física (fomentada pelos amante das 'massas') é superficial, efêmera, não constroi nada senão uma pressão e só funciona alí. Após a dispersão, dispersa-se também a sintonia. A união de pensamento é eficaz. Não tem limite físico de aproximação. As ações nunca são isoladas pois estão ligadas, no mínimo, por um objetivo e motivação em comum num processo realmente coletivo. Não precisa de um "stalin" para manobrar e direcionar. E por isso epor muito mais fatores que ela é difícil de se construir. Esbarra no individualismo coletivizado daquele que só está alí por que não quer pagar R$ 2,00 para ir no cinema, quer ganhar mais ou não quer concorrência. Saciado seu draco objetivo quietam e vão concordar com toda a corrupção do país pela sua inércia. Bretch já dizia: não basta um dia, nem um ano, nem vários anos, tem que ser a vida toda! A raiz do problema está clara, chama-se individualismo, inclusive dos carros particulares ou quem vai dizer que a solução é um carro para cada habitante, como parece ser o sonho de prosperidade de muitas igrejas evangélicas para seus membros? Transporte coletivo de pessoas e desse pensamento até as pessoas é o que precisamos. Coletivo seja também as intenções, os objetivos e a materia-prima de tudo isso. Pensemos, concordemos, discordemos e assim construamos um caminho permanente enquanto forma mas flexível enquanto conteúdo.


Defendo o Passe Livre Universal para Todos!

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