sábado, 16 de maio de 2009
Artesãos do Espaço
O Espaço é socialmente produzido. Alguns, conscios dessa função, procuram fazer dessa construção algo não mecanizado, antes, dotado de multiplos significados e de uma carga semântica que enriquece e diversifica esse espaço. Falo da "tribo dos artistas, peixe-bois, araras, onças-pintadas, preguiças" das quais nos fala Eliakin e Zeca Preto. Estes são a resistência aos modelos e às gavetas acadêmicas. São a condição de existência de uma arte cujo único limite existe pela exigência do corpo, seja para o descanso, seja para o prazer. Sem pensar em como serão recebidos, estes se convidam para o público com a destreza circense do cidadão que sobrevive no Brasil. Em manifestações, são aqueles que parodeiam e criam e desmontam e reconstroem a esperança e as utopias. No cotidiano, são aqueles que trabalham nas feiras, contam piadas e cantam músicas e mulheres. Os que fazem das paredes seu jornal, sua tela e perniciam mensagens potencialmente encarapuçadas. Tudo isso combinando um sistema de objetos nada objetivos, e um sistema de ações, por vezes, passívas, mas sempre em movimento. Nesse espaço residem todos, dialeticamente. Destaca-se o artesão. Aquele que é, em sí, a resistência a divisão social do trabalho. Que faz da materia-prima do espaço um valor de troca atraente. Transforma a natureza. Artesão que faz com as próprias mãos. Esculpe palavras e as joga no espaço de forma que esta se territorialize em alguns tempos. Estes sejam lembrados. Estes sejam esquecidos, pois também faz (p)arte. Mas que sempre sejam "notados", ou seja, lhes atribuido merecidas notas musicais pela canção que fazem do espaço cuja desafinação é pretesto de quem almeja emburguesar. Alí, vivos e localizados persistem os verdadeiros donos dos começos, meios e fins de produção: os Artesãos do Espaço.
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