sexta-feira, 25 de abril de 2014



Semente Vitral
Por fim, semeou vitrais com aquelas parcas luzes
Mesmo sem saber quanto ainda lhe restava de dia
Mas tocada pela força daquele que em breve se ia
Não deixaria ruir o lastro outrora escondido nas nuvens
Que garantia um sorriso desenhado à reveia dos capuzes
E germinava a palavra que em vivas cores se tornaria...
 
(André de Moraes)

Fonte da figura: http://goo.gl/DcuZTG

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Comendo o Pirão Pelas “Beiradas”: engrossando o caldo onde ele é mais ralo


André de Moraes

Ontem, em uma conversa de porta de casa com meu amigo-vizinho, eu criticava a total e proposital indisposição da Secretaria de Estado da Cultura do Estado do Amazonas (SEC/AM) em estender as políticas culturais para a periferia da cidade de Manaus. Hoje, tive a satisfação de ver o cartaz do III Festival Cultura do Pirão AM e constatar que este vai acontecer no Jorge Teixeira, bairro muito distante tanto do centro da cidade quanto das políticas públicas. Sorri e respirei.

Sou um crítico da diretriz da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas em gastar rios de dinheiro com festivais de mínima aderência a realidade local. A ideia é inserir Manaus no circuito de grandes festivais de forma a atrair/consolidar um turismo de alto padrão. Para quem me conhece, sabe que tenho maior inclinação às iniciativas populares locais, todavia não sou contra haver festivais de ópera, jazz, cinema, dança, teatro, etc. com a presença de grandes figuras nacionais e mesmo internacionais desses segmentos. O que me incomoda profundamente é que estes levem a maioria esmagadora dos recursos em detrimento quase total dos grupos locais e da periferia da cidade. Constrói-se, assim uma segregação social no acesso às políticas públicas culturais que em nada aproveitou o interessante momento da gestão Gil-Juca no âmbito nacional para o fomento à cultura popular.

Nesse contexto, era uma questão de tempo surgir uma movimentação que fizesse frente à essa condição e pudesse expor um pouco a situação de forma provocativa, espontânea e divertida, por que não. Daí o movimento Pirão AM, propositor de uma “arte que combate a estagnação e se expressa para transformar a realidade, quebrar os estereótipos e romper as barreiras do silêncio.”*, surge como alternativa para catalisar a rica e eclética essência das propostas artísticas regionais/locais. Não à toa, convergiram músicos, artistas em geral, promotores/agitadores culturais e apoiadores (como eu). A aproximação da periferia no sentido de incluí-la num agenda cultural positiva é um bom primeiro passo. Posteriormente, reconhecer talentos e assim iniciar um diálogo que redunde num processo autonomia cultural para transformação da realidade social, torna-se algo mais próximo. Não tenhamos medo de sonhar...

Descentralizar é preciso. Logo, para além da denúncia à exclusão sociocultural da periferia, também existe a dimensão provocativa com a inclusão daquela área num circuito cultural da cidade que não costuma ser visitada senão pelos seus próprios moradores. Certamente haverá quem se pergunte por que fazer o festival tão longe, não se dando conta de que o motivo é exatamente o fato de ainda haver essa pergunta. A cidade é produto das relações de disputa entre aqueles que a produzem e a reproduzem. Nessa correlação de forças, quase sempre vencem os detentores de poder político e/ou econômico restando aos pobres algumas migalhas de cidade traduzida, principalmente, numa infraestrutura urbana precária, mas também na ausência de serviços públicos minimamente adequados, incluindo políticas públicas culturais. Com isso não estou dizendo que o festival tem a pretensão de reverter esse cenário com uma ou mais edições, mas sim que esta pode ser uma oportunidade de problematizar esse aspecto e promover uma discussão ampla sobre a cidade, exclusão socioespacial e o acesso à cultura.

Não tenho a menor expectativa de que a diretriz cultural da SEC/AM mude. Mesmo mudando a gestão, a política amazonense ainda resguarda uma estrutura conservadora/elitista/coronelista/populista que não busca/permite uma inclusão social de fato. Isso evidencia a necessidade de paralelismos, como o Movimento Pirão AM, que são muito bem vindos como antítese ao status quo da política, nesse caso, cultural. Daí torço para que o movimento prossiga esquentando e que a gente continue comendo pelas “beiradas” por ser justamente a parte mais rala do caldo, no tocante àquilo que deveria ser fomentado pelo Estado.




*trecho do Manifesto Pirão AM, disponível em: http://goo.gl/cCcVXH
Fonte da Figura: http://goo.gl/B44Sgs

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Andarilho



Andarilho
(Juliana A. Alves)

Na cabeça uma cartola
meias verdades
Nos braços a viola, 
inteiras mentiras
No coração uma pedra fria,
falsos amores
No trilho continua o andarilho
curando com o fumo, a bebida e a boemia...
o seu vazio.

Fonte: http://www.casadopoetapg.com.br/profiles/blogs/bo-mio

Alfabetização Libertária





Alfabetização Libertária

Uma mão LAva a outra
Uma mão LEva a outra
Uma mão LIvra a outra
Uma mão LOuva a outra
Uma mão LUta com a outra

(André de Moraes)





Fonte da Figura: http://administracao062010.blogspot.com.br/2010/03/memorial-da-america-latina-barra-funda.html