André de Moraes
Manaus, 23 de novembro de 2011.
Manaus, 23 de novembro de 2011.
Hoje, no meu deslocamento diário de 002 (interbairros), tudo ia como
sempre. Demora, engarrafamentos e o desconforto de uma condução lotada. Em
certo momento eu ouvia notícias pelo rádio enquanto o ônibus para no ponto
próximo ao campo do “buracão” no Parque Dez de Novembro. De repente, ouço um
barulho e percebo comentários com risos e ironias. A porta do coletivo havia
caído quando o ônibus parou.
O motorista é alertado por passageiros e recolheu a porta acomodando-a no meio do coletivo que, após essa intervenção, seguiu seu trajeto normalmente. “Nem pra ter caído no chifre do Negão!” exclamou uma passageira. Os trabalhadores, estudantes e demais usuários demonstravam expressões que mesclavam o trágico e o cômico, mas seguiam para seus compromissos comentando a periculosidade da situação. “seriam esses os novos ônibus que justificaram o aumento da passagem?”. Tratei de registrar a situação e torna-la pública esse episódio para não estar sujeita à pauta da mídia.
Realmente a gestão municipal não leva a sério os usuários do
transporte coletivo em Manaus e não faz o mínimo esforço de promover uma
discussão qualitativa. Estamos sujeitos a um prefeito notadamente perdido. O
modelo político (centralizado, populista e baseado numa democracia incompleta
que se esgota representatividade) que a atual gestão insiste em adotar não dá
mais certo como outrora. A maior possibilidade de acesso à informação encurtou
mais ainda as pernas da mentira. Isso, combinado ao eco cada vez maior das
vozes que reclamam o interesse coletivo, desenha um cenário favorável a uma
proposta política com maior participação e controle social resultando na
indução do processo político no sentido dos interesses da coletividade.
O que podemos e devemos fazer é explorar a
crítica latente por trás de episódios como este e divulgá-las fazendo com que,
ao invés de portas de coletivos, vá abaixo de uma vez o “pré-feito” (nos moldes
da sua visão política ultrapassada) Amazonino Mendes e toda a sua promiscuidade
política, pois acredito que, se ainda havia alguma máscara, essa já caiu há
muito tempo.
Fotos: André de Moraes.